Como Focar Somente na Perfeição Pode Arruinar o Seu Projeto
Se um bebê focasse em aprender a andar perfeitamente de primeira, ele nunca ia sair do chão. É impossível fazer algo perfeito de primeira. E se você tive tentando alcançar a perfeição sem se deixar errar, vai acabar alcançado nada. E foram exatamente as lições que eu aprendi até agora enquanto escrevo textos neste blog.
Primeiro ano do Quebrando o Caminho
Antes de comprar o domínio do blog e ter ago escrito, todo o projeto já estava desenhado na minha cabeça. Ele seria dividido em duas áreas, uma voltada para os meus textos e outra para as entrevistas com formato de áudio. A parte textual teria artigos densos e de ótima qualidade. Além disso, algumas ilustrações com bonecos de palitinhos seriam feitas por mim, para dar a cara do blog, assim como o Tim Urban faz com o Wait But Why. Já na sessão de podcasts, seriam encontradas entrevistas longas e densas com diversos convidados. O problema é que isso estava perfeito na minha cabeça, mas não seria tão fácil executar tudo.
Os problemas começaram com as imagens dos artigos. Toda vez que eu finalizava um texto (coisa que era bem difícil mas irei abordar este assunto mais para frete) eu tinha que fazer algumas imagens. Não era o trabalho mais difícil do mundo, mas era cansativo. Incialmente eu teria que pensar quais seriam as imagens, em seguida teria que criar elas e exportar em diversos tamanhos já que não é legal ter uma imagem gigante quando está lendo pelo celular, nem uma imagem pequena quando está lendo pelo computador. Isto gerava um trabalho que durava uma ou duas horas. Não posso falar de todos os escritores, mas eu descobri que este era o último trabalho que eu queria ter após ter terminado um texto. Como resultado, sempre que eu ia escrever para o blog, me vinha na cabeça todo o trabalho que eu ia ter com a imagem e isso era bastante desmotivador.
Tirando a parte textual, o Quebrando o Caminho também teria um podcast. Nele, eu entrevistaria pessoas que fizeram o caminho fora do comum e na minha cabeça era só chegar, ligar o gravador, conversar por duas horas, desligar o gravador, editar e pronto, trabalho encerrado. Na verdade estas são as etapas, porém elas são mais trabalhosas do que parecem. Eu cheguei a fazer uma entrevista, onde o arquivo bruto tinha cerca de duas horas e meia. Passei dias para finalizar a edição e quando conclui, além de ter sido um trabalho bastante cansativo, acabei não gostando do resultado final.
Um ano depois que o Quebrando o Caminho tinha ido ao ar, eu tinha escrito quatro artigos e uma entrevista que nunca foi ao ar. Obviamente este não era o resultado que eu queria, mas foi o que aconteceu.
Como eu não queria desistir do projeto, alguma coisa deveria ser mudada, caso contrário eu iria continuar coms os mesmos resultados. A única solução era analisar o que eu tinha feito e aprender com os erros.
Analisando o que deu errado
Quando tudo é prioridade, nada é prioridade. Este foi o primeiro sentimento que eu tive quando analisei o que aconteceu no primeiro ano do blog. Estava claro para mim que não era viável fazer os artigos, pensar nas imagens, fazer entrevistas, editar áudio e pensar na distribuição, tudo ao mesmo tempo. Eu não tinha tanta experiência nas áreas isoladas, então eu iria precisar focar em algumas e eliminar todo o resto.
A primeira parte que foi eliminada foram os projetos de áudio, ou seja , gravação e edição do podcast. Claramente tinha sido a parte que eu menos tinha evoluído e mais tinha me dado dor de cabeça. Não fazia sentindo continuar com ela e uma vez sem a parte áudio, me restava pensar o que eu eliminaria da parte textual.
Analisando o parte textual do Quebrando o Caminho, consegui identificar que dois processos eram acionados na criação de um artigo: O processo de escrita e o processo de geração de imagens. Como tinha falado antes, o processo de criação e imagens tinha virado algo que mais me atrapalhava do que ajudava. Então, sem pensar duas vezes, eu decidi que não iria mais criar as imagens para o meu blog. Com isso, só me restava o processo de escrita.
Parando para identificar os motivos pelo qual eu só tinha escrito 4 texto no período de uma ano, acabei chegando em dois problemas:
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Meu textos viviam muito mais no mundo das ideias do que no papel.
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Eu queria escrever textos perfeitos e como eu sabia que ele nunca seria perfeito, não fazia sentido escrever.
O primeiro problema é resultado da declaração que para escrever muito você precisar ler muito. Concordo muito com esta afirmação pois no momento em que se está lendo sobre algo e um determinado assinto capta a sua atenção, você involuntariamente começa a pensar sobre aquilo. O problema é que quanto mais você lê, mais você tem assunto para pensar e é muito fácil de cair na armadilha de deixar nossos pensamento ficarem somente no mundo das ideias.
Como eu leio bastante durante a semana, acabo tendo várias ideias de texto para criar a partir dos pensamentos que vão surgindo. Deste modo, quando chegava o fim de semana, eu tinha uma serie de ideias para texto, mas nenhuma texto pronto, nem ao menos um rascunho. E se isso não fosse o suficiente, eu recomeçava a semana da mesma forma, ou seja, lendo mais e tendo mais ideias. Assim, grande parte das minhas ideias de texto viviam somente dentro da minha cabeça e nunca viam um papel ou a tela de um computador.
Já o segundo problema consistia em querer criar algo perfeito. Por um lado vocês quer criar algo tão perfeito que para isso tem que fazer uma pesquisa enorme, por outro lado você começa a pensar que nunca vai conseguir criar algo perfeito, assim não faz sentindo continuar aquela atividades. O sentimento de paralisação te toma e você acaba não escrevendo. E pelo que pesquisei, este sentimento é algo normal no processo de escrita. O Tim Urban fala em um dos seus artigos que “blog posts não um das coisas mais terríveis para o perfeccionista, porque não importa o que você tenha feita, o texto sempre pode ser melhorado. Eu poderia gastar um ano em um post e iria ter espaço para melhorias”.
Feito esta análise, só me restava criar a solução para estes dois problemas que restaram. E a solução foi o nascimento da Meditação Ativa.
Nascimento da Meditação Ativa
Para diminuir o problemas citado anteriormente, eu tentei criar um processo de escrita. Por que um processo? Pra mim, está é a forma mais rápida de testar e eficaz de testar algo, colher informações e analisar o que deu certo ou não.
Basicamente, você cria uma séria de etapas para serem seguidas e espera que um resultado final seja alcançado. Uma vez que o processo é executado, basta analisar o qual foi o seu resultado alcançado e comparar com o resultado esperado. Caso existe alguma diferença, deve-se mudar algo no processo para que um novo resultado seja gerado e ele assemelhe-se mais com o resultado esperado.
A primeira mudança que fiz, foi estabelecer que iria escrever todo o dia. O preciso era simples:
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Todo dia pela manhã eu iria passar 30 minutos na frente do computador para escrever.
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Eu não poderia fazer outras ação neste intervalo de tempo que não fosse escrever ou ficar olhando para a tela em branco.
Neste momento eu não tinha tanta a intenção de fazer um texto, mas de criar um habito de escrever diariamente. Além disso, esta atividade me obrigava a tirar as ideias da minha cabeça e colocar elas no papel ou no meu computador.
Comecei a rodar este processo em Abril e ele foi até o final de Maio. Quando eu percebi que já tinha criado um hábito, iniciei um segunda mudança, iria escrever em média um artigo de 1000 palavras por semana.
Como eu não poderia cair na tentação de sempre querer melhorar o meu texto, decidi que iria transformar esta obrigação pública. Assim, criei uma newsletter semanal para me forçar a postar algo semanalmente. E foi assim que nasceu a Meditação Ativa.
Admito que em algumas vezes não consegui finalizar um texto na semana que era pra ele sair, porém semanalmente a minha newsletter saia. E o resultado disso foi incrível.
Como eu tinha falado acima, no espaço de um ano eu acabei escrevendo 4 textos, que resultaram em 1973 palavras. Já nas 12 semanas em que eu me comprometi com a newsletter semanal, eu escrevi 9 artigos (3 newsletters foram sem artigo) que resultaram em 11042 palavras. O que resulta em um aumento de quase 460% em apenas 3 meses. Mesmo não conseguindo o resultado de 1000 palavras por semana que, consegui chegar em 92% do resultado que queria alcançar.
Tenho muito o que melhorar o meu processo de escrita, mas estou feliz com a evolução que eu tive.
Real Artist Ships
É extremamente difícil falar que ama algo, ou que alguma atividade é fácil sem ao menos ter tentando uma vez. Nosso cérebro é preguiçoso e tenta nos enganar toda hora por meio de vieses de confirmação.
Acho que a única certeza que tenho é que para fazer algo muito bom, você precisa estar disposto a fazer aquilo várias vezes. E na maioria das vezes, o resultado não vai ser perfeito, nem ao menos mediano. A jornada da perfeição leva tempo.
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