6 Passos Para Acabar com o Seu Projeto Pessoal
Você já deve ter iniciado algum projeto antes, como aprender um novo idioma, tentar melhorar as habilidade na cozinha, fazer exercícios físicos, começar um blog, etc. Só de pensar em iniciar projetos assim, a nossa mente começa a imaginar como eles serão feitos e os resultados que vamos colher. Se você ja estudou uma outra lingua, já deve ter pensando como seria quando você estivesse falando ela perfeitamente. Planos são formados na nossa cabeça e a euforia está a mil. Acho que todo mundo já esteve neste situação. Mas depois de um tempo, um outro sentimento pode aparecer. E ele não é tão legal assim.
Aquela alegria do começo já não existe mais. As vezes achamos a atividade chata e nos sentimos praticamente obrigados a fazê-la. Se você já pagou 6 meses de academia e só foi no primeiro mês, sabe muito bem do que eu estou falando. Mas como chegamos neste estado já que no começo era só alegria?
Não é muito difícil isto acontecer. Já aconteceu comigo várias vezes. Foram tantas ocasiões que eu resolvi escrever um manual com os 6 passos para destruir o seu projeto pessoal. Então se você quer se livrar de um projeto que está amando basta seguir este passos. Mas se não quer que isto aconteça, evite-os a todo preço. [1]
Regra 1 - Não se sinta responsável pelo projeto.
A forma mais fácil de começar uma atividade nova é procurando alguém para nos instruir, certo? Se o seu projeto pessoal é aprender inglês, basta se matricular em um curso de inglês. Assim, teremos um professor que vai te falar o caminho que você tem quer seguir e caso as coisas não dêem certo, você já sabe que a quem culpar.
Explicando a regra
Colocar o professor na figura de total responsável é a forma mais fácil de tirar qualquer responsabilidade dos nossos ombros. Assim, não precisamos fazer nada mais do que comparecer as aulas e fazer os exercícios. Esta prática tem as suas consequências. Você provavelmente vai cair em uma rotina (Aula -> Exercício -> Aula) e ela pode acabar atenuando sua curiosidade e empolgação. No melhor dos casos, você pode ter a sorte de ter um professor que consiga identificar este problema e começam a variar a maneira de como o conteúdo está sendo passado. Mas, por que arriscar isso quando você pode ser mais ativo?
Invertendo a regra
Busque conhecimento além do limite estabelecido pelo seu orientador. Quer aprender inglês? Coloque o idioma a do seu celular em inglês, tente ver vídeos em inglês com legenda em inglês. Aprenda as músicas que você gosta em inglês. Identifique as suas dificuldade e leve para o seu professor, não seja somente um aluno passivo. Além destas práticas te ajudarem no aprendizado, seu professor irá gostar bastante.
Regra 2 - Não saiba onde você quer chegar com aquele projeto.
É muito fácil começar algo sem saber onde se quer chegar. Porém, sem um objetivo em mente, não conseguimos trilhar um caminho. Vamos só seguir um fluxo.
Explicando a regra
Voltando para o exemplo anterior, aprender inglês é um objetivo muito vago e subjetivo. O que seria aprender inglês? Saber falar o básico para não passar fome em um país que tem inglês como lingua materna? Ler livros em inglês sem precisar de um dicionário? Fazer uma apresentação de um projeto sem gaguejar? Conversar por dois minutos sem ter que parar pensar na tradução?
Falar somente que quer aprender inglês não define um objetivo concreto.
Invertendo a regra
Defina onde você quer chegar com aquele projeto. Por exemplo, quando eu comecei a aprender inglês eu queria inicialmente ler blogs, ouvir podcasts e entender pelo menos 70% do que tinha sido abordado. Desta forma, eu conseguia sabia onde queria chegar e poderia ir testando meu aprendizado. Diferente deste exemplo, na minha escrita eu tento ter um hábito de escrever todo dia e produzir um bom texto de pelo menos 1000 palavras por semana.
Regra 3 - Não saiba quais atividade fazer
Da mesma forma que não definir onde se quer chegar com um projeto atrapalha a nossa caminhada, não ter em mente como fazer as coisas também nos prejudica.
Explicando a regra
Vivemos no mundo em que temos várias distrações ao nosso alcance. Sempre que ficamos sem ter o que fazer, tendemos a procurar o nosso celular, checar alguma rede social ou coisa do tipo. Deste modo, mesmo tirando uma parte do nosso fim de semana para trabalhar em um projeto pessoal, se não estiver claro o que vai ser feito, podemos acabar a tarde fazendo nada e sabendo de tudo que rolou nas redes sociais.
Invertendo a regra
Uma das melhores coisas que podemos fazer é escrever o que queremos alcançar naquele momento. Eu por exemplo sempre que vou trabalhar no meu blog, eu escrevo o que eu tenho que fazer naquele momento. Se vou escrever, fazer uma pesquisa, editar um texto, fazer uns ajustes no blog ou qualquer outra atividade. O fato de deixar explicito o que eu irei fazer, me dá uma ideia do que tem que ser feito e por onde começar. Desta forma, até nas vezes que eu pego o que celular no meio da atividade, minha mente me lembra da atividade que eu realmente deveria estar fazendo em vez de olhar as redes sociais.[2]
Regra 4 - Não prepare o ambiente
Tentar fazer algo em um ambiente que não favorece a atividade que estamos tentando realizar é desgastante.
Explicando a regra
Em 1999, Baumeister, Ellen Bratslavsky, Mark Muraven and Dianne Tice fizeram o primeiro experimento que evidenciava os efeitos e comportamentos da força de vontade e auto-controle. No experimento, eles dividiram os participantes em dois grupos. O grupo A teria que resolver um teste que era difícil e frustrante. O grupo B teria que fazer o mesmo, mas com um adendo. Antes de resolver o teste, eles teriam que resistir a tentação de comer um chocolate. No final do experimento, foi notado foi que o grupo que teve que resistir ao doce (grupo B) quando comparado ao grupo A, foi menos persistente em tentar solucionar o teste.
Além desta, diversas outras pesquisas evidenciam que a nossa vontade e auto-controle se comporta como um músculo. Eles tem uma força limitada e tem que descansar para recuperá-la. O que isso quer dizer? Se você esta tentando ser mais saudável e está tentando fazer mais exercícios, o fato de ir na academia vai ter fazer gastar um pouco de força de vontade. Se além disso, você ainda tiver que procurar a sua roupa em um armário bagunçado, você terá que gastar mais força de vontade.
Invertendo a regra
Gaste o mínimo de força de vontade quando estiver fazendo uma atividade. Quer ler um livro, deixe seu celular em um outro local para não ter que se controlar para ver as redes sociais. Quer ir na academia pela manhã, deixe a sua roupa já separada e etc.
Como a grande parte dos projetos pessoais que faço são feitos na frente do computador, eu tento sempre mante-lo organizado por projetos. Antes de saber da importância disto, sempre que eu ia trabalhar em algo, por exemplo um texto, eu tinha que procurar uma imagem que baixei na pasta de downloads, uma citação em um livro que estaria perdido em alguma pasta, o texto em si no meio de várias outras notas. Hoje, basta eu ir na pasta do projeto do blog para pegar os arquivos que preciso lá e ir no meu caderno do Evernote voltado para os textos do blog, que se encontra organizado para conter somente os textos que estou fazendo. Desta forma eu não tenho que sair procurando os documentos que eu preciso em pastas separadas e correr o risco de ver alguma foto nostálgica que me faça abrir o WhatsApp e mandar em um grupo e iniciando uma conversa e tirando o foco que eu tinha no momento.
P.s. Eu sou a favor de enviar fotos nostalgias no WhatsApp. Porém não acho adequado fazer isso no momento que eu separei para trabalhar em um projeto pessoal.
Regra 5 - Buscar sempre o perfeccionismo
Buscar a perfeição é um trabalho que não tem fim. Sempre terá algo para corrigir.
Explicando a regra
Dificilmente quando fazemos algo novo, as coisas vão sair da melhor forma possível. Sempre vamos ter uma falha para corrigir. Porém se ficarmos pensando somente sobre isso, podemos acabar gastando uma enorme quantidade de tempo para aperfeiçoar tudo. E segundo a lei de Parkinson , “o trabalho se expande de modo a preencher o tempo disponível para a sua realização.” Ou seja, quanto mais tempo dermos para aperfeiçoar algo, mais vamos demorar para acabar aquilo.
Invertendo a regra
Quem busca o perfeccionismo com frequência, pode acabar deixando o trabalho cansativo e chato.
Ter entregas ou testes para o nosso projeto é a melhor forma de melhorar ele e aprender cada vez mais. Por exemplo, se você está aprendendo inglês e quer conseguir ver um seriado sem legenda, planeje assistir um episódio completo e sem legenda de algum seriado. Depois disso, você vai ter uma ideia de como está os eu estado natural e do quanto você evolui nos seus objetivos.
Regra 6 - Faça vários projetos paralelamente
Viver no mundo das ideias é perfeito. Podemos imaginar vários projetos interessantes para trabalhar no nosso tempo livre.
Explicando a regra
Alguns projetos parecem fácil de cara, porém as coisas mudam um pouco quando começamos a colocar a mão na massa. Aquele projeto que parecia fácil e perfeito, não parece mais tão fácil. Descobrimos que temos varias coisas para evoluirmos. Neste momento, nosso cérebro pode querer um pouco mais de euforia e começar a pensar em um novo projeto para trabalhar. Assim termos aquela euforia de inicio de projeto novamente. Quando menos percebemos, estamos trabalhando em 3 projetos pessoais diferentes. E isso pode acabar atrapalhando a finalização deles.
Por exemplo, se temos 5 projetos e cada um demora em média um mês para finalizar, o tempo total para acabar os cinco projetos seria de 5 meses. E temos a ilusão de se trabalharmos paralelamente, ou seja, os 5 ao mesmo tempo, teremos o mesmo resultado se tivéssemos trabalhado de forma sequencial, ou seja, um por vez, irá resultar no mesmo. Porém, se no terceiro mês acontecer algum imprevisto e você esteja trabalhando de forma paralela, todos os três projetos vão ser parados. De modo que até aquele momento, nenhum foi finalizado. De forma contrária, se tivermos trabalho de forma sequencial, no terceiro mês, teoricamente, dois dos cinco projetos teriam sido finalizados.
Invertendo a regra
Faça uma coisa de cada vez e desfrute da jornada. Não dá para melhorar tudo de uma vez.
Quando eu iniciei o meu blog, estava querendo criar paralelamente um podcast. Cheguei a criar meus primeiros textos e gravar o primeiro episódio do podcast, porém tudo estava muito mediano. Os textos não estavam saindo da forma que eu queria, a gravação da entrevista que eu tinha feito estava dando trabalho para editar. Em resumo, acabei perdendo a empolgação com tudo e só voltei a escrever pro blog depois de um bom tempo. Decidi abrir mão do podcast e focar na minha escrita. Pelo menos por enquanto.
Estou colhendo bastante frutos desta decisão. Afinal no fim do dia, só tenho 24 horas e é impossível dar atenção para tudo. E quando tentamos fazer tudo importante, nada é importante.
Por fim, este foram os ensinamentos que tive com diversos projetos que criei para mim, variando entre fazer stand up comedy até aprender natação. Se você tem alguma boa história ou experiência com tentativa ou frustrações de projetos pessoais, deixa nos comentários.
[1] - Não estou querendo falar que todo projeto pessoal deve ser levado a sério. Depende do quanto você quer levar ele a serio.
[2] - Hoje para evitar isso, eu prefiro deixar o celular fora do meu alcance.
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