Paradoxo da Escolha: Quando muitas opções se torna prejudicial
Se eu falasse que ter menos opções de escolha pode ser melhor do que ter mais opções você me chamaria de louco?
Imagine que você está com seus amigos e você precisam decidir qual filme assistir na Netflix. Uma infinidade de escolhas podem ser feitas, já que obras de diversos gêneros são oferecidas pela Locadora Vermelha. Diante disso, o que era pra ser um benefício acaba sendo algo paralisante. E quando você perceber, já se passou diversos minutos e nada foi escolhido.
Analogamente, imagine que o mesmo cenário porém em um local diferente. Em vez de escolher um filme na Netflix, você e seu amigos devem escolher um filme que está em cartaz no cinema. Para ser mais prático, vamos considerar que 7 filmes estão em cartaz e você juntamente com seus amigos, tem que decidir o que assistir. Você acha que escolher um filme no cinema é mais prático do que na Netflix?
Séria mentira minha afirmar que inquestionavelmente a escolha no cinema seria mais rápida. Em alguns casos, grupos de amigos podem decidir rapidamente o que assistir na Netflix. Entretanto, provavelmente na maioria dos casos, o cenário que envolve mais opções (o da locadora vermelha) iria demorar mais. Esta paralisação na hora de escolher um entre vários acontece graças ao paradoxo da escolha. E é sobre isso que eu quero falar.
Explicando o Paradoxo
O psicólogo Barry Schwartz define o paradoxo da escolha como um conceito da psicologia que afirma que quanto mais opções temos, mais difícil se torna a tomada de decisão. Ele deixa isto bastante claro na seu TED, onde você pode conferir abaixo.
Um dos primeiros testes para demonstrar o efeito deste paradoxo foi um experimento que foi realizado em um supermercado. O experimento foi dividido em dois cenários. No primeiro deles foi disponibilizado ao público 24 sabores diferentes de geléias. No segundo, apenas 6 sabores foram ofertados. O objetivo era analisar como o público reagiria aos dois cenários.
O primeiro cenário, onde foi ofertado mais geléias, acabou atraindo mais pessoas do que o segundo. Contudo, apenas 3% do público que foi atraído comprou pelo menos uma geléia. Já no segundo cenário, este número sobre para 30%. Em resumo, 10 vezes mais quando comparado ao experimento com mais opções de compra.
Desta forma, o experimento demonstrava que quanto mais opções são ofertadas para uma pessoa, mais provável que acabe não tomando uma decisão. Porém acho que é válido falar que hoje, este estudo é contestado por alguns economistas. Tim Harford por exemplo, questiona que se o paradoxo da escolha fosse universal a Starbucks teria um grande prejuízo graças as suas 87 mil combinações de bebidas.
Outro ponto que eu gostaria de levantar é o fato de erroneamente a gente pensar que 3% de um público A é menor que 30% de um público B. Parece que o nosso cérebro pensa rapidamente que “3% < 30%”, porém não é assim que funciona. Se A for 15 vezes maior do que B, 3% de A é maior que 30% de B.
Em suma, eu acho que podemos afirmar que o paradoxo de escolha pode acontecer, mas não em todos os casos em que temos várias opções. Também podemos afirmar que quando ele acontece, temos uma dificuldade de fazer uma escolhas e as consequência podem ir além da paralisação na hora da escolha.
Consequências do Paradoxo da Escolha
Quanto maior numero de opções, maior as nossas expectativas. Com o aumento das nossas expectativas, mais difícil é a missão de satisfazer todas elas. Isto é um prato cheio para o arrependimento e a insatisfação.
Eu mesmo, quando demoro para escolher um filme, duas coisa podem acabar acontecendo: eu posso criar altas expectativas por ele, ou antes do filme começar eu penso que poderia ter feito uma escolha melhor se tivesse escolhido um outro. As vezes estes dois fatos acabam acontecendo juntos.
Além disso, não é difícil encontrar com pessoas que provaram várias roupas, escolheram a que deixou mais confortável, porém quando chegou em casa se arrependeram de não ter escolhido a que ficou com a aparência melhor.
Ou seja, quando vencemos a paralisação no memento de fazer uma escolha, enfrentamos a insatisfação.
Além Do Trivial
Até agora eu só falei como paradoxo da escolha pode nos prejudicar em escolhas que não tem uma consequência tão grande em nossas vidas. Como qual filme escolher ou qual calça comprar. Mas, isso não quer dizer que mão possa acontecer em partes importantes da nossa vida.
Barry Schwartz afirma no seu Ted que em uma empresa foi verificado que quanto mais opções de planos de aposentadoria eram ofertados, mais as pessoas demoravam para escolher. E muitas vezes acabavam não escolhendo.
Portanto, mesmo este paradoxo não acontecendo sempre, ele pode acabar prejudicando nossa tomada de decisão em algo relevante em nossas vidas. Lembre da Lei de Murphy.
Como Resolver o Paradoxo de Escolhas
Já que ter muitas escolhas pode acabar atrapalhando a gente, como podemos resolver este problema? Esta foi a pergunta que e me fiz durante muito tempo. E de forma rápida e direta a resposta que encontrei foi: Diminua as opções presentes.
Você pode estar se questionando se algo simples assim pode resolver este problema. A resposta é sim, porém é bom lembrar que simples não é sinônimo de fácil.
Observando alguns nomes da história, eu descobri que a forma mais eficiente de diminuir as opções presentes é usando filtros pessoais para eliminar o volume das escolhas.
Um grande exemplo é o Warren Buffett. Ele é um dos maiores investidores do mundo. E quando se trata de investimento, podemos apontar uma infinidade de opções que aparentam ser boas. Como Buffet fez ótimos investimentos na vida, procurei como ele fazia as suas escolhas.
Descobri que ele tem uma série de filtros pessoais que o ajudam na escolhas de seus investimentos. Um dos filtros afirma que a empresa que ele pretende investi deveria ser simples. Se tivesse muita tecnologia, ele não iria entender e assim preferia não investir nela. Desta forma, Warren Buffett elimina boa parte das opções no mundo e se concentraria somente naquelas que sobravam.
Então, sabendo que a criação de filtros pessoas podem ajudar, temos que partir para a criação do nossos próprios filtros.
Criando Filtros Pessoais
Antes de criar nossos filtros, temos que parar um pouco e pensar o que queremos como resultado. Por exemplo, o Buffett sabia que seria muito difícil investir em empresas que ela não sabe como funciona, já que ele não poderia avaliar a situação dela bem. Por isso que ele não investia no que ele não conhecia.
Quando eu estava procurando uma cafeteira para comprar, descobrir que existem mais métodos de fazer um café do que eu poderia imaginar. Porém, eu queria uma cafeteira onde eu tivesse a liberdade de também fazer chá, já que estou me limitando a tomar só 500ml de café por semana. Então isso já eliminou várias cafeteiras que não eram amplamente usadas para fazer chá.
Além deste filtro, também não queria uma cafeteira onde tivesse que usar filtro de papel. Não precisar de filtro de papel foi o segundo filtro.
Como terceiro filtro, usei o que geralmente usamos, o orçamento. Desta forma, qualquer cafeteira que fosse ultrapassasse o limite financeiro que eu já tinha estabelecido, era cortada.
Com os três filtros estabelecidos, em menos de 30 minutos eu consegui escolher onde comprar e no mesmo dia estava tomando meu chá.
Na próxima vez que você estive enfrentando um dilema do que escolher, em vez de listar os prós e contra de cara, tente criar filtros para diminuir as opções.
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